quinta-feira, 7 de março de 2013

A portabilidade chegou na igreja




Tem surgido no mercado corporativo um novo conceito de prestação de serviço ao cliente. Hoje, na relação entre consumidor versus prestador de serviço a busca por melhores vantagens e benefícios é enorme. Digo isto, porque se as necessidades não forem atendidas pelos prestadores de serviços aos consumidores, isso lhe proporcionará o direito à portabilidade, ou seja, buscar outra prestadora de serviço que possa atender as suas necessidades.
Observe o exemplo dos usuários de telefonia fixa e móvel que a qualquer momento podem trocar de operadora e manter os números atuais de seus telefones quando os serviços prestados não atenderem mais suas obrigações. Na verdade, a portabilidade numérica é uma boa oportunidade para os clientes que não querem trocar de número, mas estão insatisfeitos com os serviços prestados pela operadora atual. Tanto os que migram para melhores vantagens corporativas, como para aqueles que vivem à margem desse processo, encontrar o equilíbrio econômico no mercado capitalista disponibiliza uma boa relação de oferta e procura entre usuários e fornecedores.
Mas quando esta atitude é utilizada na dimensão religiosa? Quais são as vantagens e benefícios oferecidos ao consumidor da fé pelo mercado religioso? Quais as principais características da portabilidade religiosa? Essas e outras perguntas vêm sendo levantadas, frequentemente, por estudiosos e cientistas da religião, haja vista, o grande crescimento dos evangélicos no Brasil.
Acreditando viver o evangelho de Cristo, indivíduos e grupos estão comercializando a busca do prazer religioso com aparência de piedade, tornando-se meros consumistas da fé cristã, incapazes de assumirem uma verdadeira responsabilidade espiritual diante de Deus. Assim, para os facilitadores da religião onde houver mais benefícios e vantagens e baixa obediência ao Senhor Jesus é para lá que estão migrando.
A portabilidade fornece as condições ideais para o trânsito do mercado religioso da fé entre as igrejas midiáticas. É sutil este conceito quando relativizam valores éticos como moeda de troca ao alcance das mãos de Deus. Suas vantagens exteriores criam nas mentes das pessoas um sentimento de bem estar e proteção como busca coletiva frenética. Tal dimensão assumida resta ao indivíduo apenas se conformar e submeter aos facilitadores da religião que desenvolvem cada vez mais relações comerciais entre o mercado moderno religioso. Este é o caráter dos mercenários da fé que diante dos valores e da ideologia dominante negociam sem precedentes os valores da palavra de Deus como pura expressão da verdade.
Dentro desse quadro acima encontram amplas possibilidades e desafios para a ética religiosa brasileira. Na verdade, a portabilidade religiosa a partir do momento em que valores de uso (produtos para satisfazer necessidades humana) são comparados entre si (valor de troca) faz surgir uma fé de caráter mercenário. Na vida cristã com Deus não use deste artifício querendo ganhar vantagem, pois se Deus fizesse o mesmo conosco, certamente teria uma lista interminável de reclamações ao nosso respeito. A teologia da prosperidade tem tornado seus praticantes em meros oportunistas da fé. É preciso fazer uma análise cuidadosa do corpo doutrinário dessas denominações.
Autor: teologandopeloavesso



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